sexta-feira, junho 15, 2012

Adeus Comodoro Reinchenbach

Logo no começo da NBL, quando saímos de um curso de cinema na cidade de Mauá, convidamos o Carlão para um bate-papo sobre produção, câmera, cinema marginal, Boca do Lixo e coisas deste universo que um homem de cinema como Reichenbach poderia propiciar a um grupo iniciante da 7ª arte. O primeiro encontro com Carlão foi quando buscamos ele em sua casa, pois Carlão não dirigia e então numa travessa da Av. Higianópolis em São Paulo, entra no carro um homenzarrão simpático. Bonachão. Conversamos sobre tudo nesse caminho até Mauá, sobre o oficio de sua esposa, uma dentista, sobre o porquê dele não dirigir carros, sobre mulheres, infartos, etc... Nada sobre cinema até o auditório onde ocorreria o encontro. Um encontro intitulado por ele próprio de "A Deriva com Reichenbach". Neste dia, muitos que esperavam ouvir sobre cinema, produção e coisas citadas acima acabou por viajar em sua embarcação sem direção e ouviu sobre vida, sobre paixão e propósito. Naquele dia além de um encontro de quarto minguante imprevisto, ganhamos uma direção em seu barco louco. Ganhamos um padrinho sem batismo, um porto seguro entre o desejo e as dificuldades de se realizar cinema, de buscar liberdade suficiente e coragem de expressar e competência em produzir. Uma busca enfurecida num olhar tridimensional, quando ajeitava aqueles fundos de garrafas que mais pareciam uma objetiva a nos observar, a nos dar força e visão de onde não chegar. Sair do caminho certo, pois ali já existe um erro de se acomodar. Muito grato por toda sua coragem e pela paixão que te movia, maior inspiração de tua obra. "A humanidade tem medo da liberdade, porque a liberdade é a coisa mais subversiva que tem". Assim dizia o comodoro Carlos Oscar Reinchenbach Filho, nascido em Porto Alegre, 14 de junho de 1945 e falecido em São Paulo, 14 de junho de 2012. Um sacerdote na busca de expressar o complexo ético, estético e escalafobético do ser humano e sua sociedade.

segunda-feira, março 26, 2012

Corredor Cultural de Santo André

A NBL realizou junto a diversos artistas da cidade alguns vídeos documentais sobre o Corredor Cultural de Santo André, chamado "Corredor Cultural de Santo André em Pedaços", realizado pela Comissão de Audiovisual do Conselho Municipal de Cultura da cidade.

Estes vídeos foram manifestos em prol a revitalização deste corredor, que está degradado e abandonado pelo governo local, e na época, principalmente em prol a reforma da Casa do Olhar voltada as artes plásticas, um dos seus pontos turísticos.

Cine Tangará


Casa do Olhar


Casarões

quarta-feira, outubro 06, 2010

Curta-metragem "Labirinto"

Labirinto" curta-metragem
Livre adaptação da obra "Labirinto de Januário" de Ilo Krugli.
Elenco: Reginaldo Silveira Lima (Januário), Bruno Dias Silva (Gabriel), e crianças...

Direção: Fátima Moura Cunha,
Fotografia: Mario Augustos,
Roteiro de José Geraldo Neres,
Direção de Arte: André Okuma,
Assistente de Direção/Fotografia: Luciana Perecin (demais créditos no final do curta).

parte 1


parte 2

quarta-feira, agosto 26, 2009

Lapso - versão da Ass. de Direção

Curta metragem da Nova Boca do Lixo (realizado em 2004 - editado 2008)

Sinopse: Clara, uma jovem de 18 anos se casa com Antônio, 35, e o que parecia um ser um mar de rosas se transforma em uma relação doentia e psicótica.

Elenco: Andréia Horta, Val Mataverni, Stefanne Ribeiro

Equipe Técnica
Direção: Fátima Moura
Ass. de Direção: Letícia Oliveira
Produção Executiva: Mario Augustus
Roteiro: Ana Maria Buim
Direção de Fotografia: Saulo Pena e Mario Augustus
Dir. de Arte: Fábio Santos
Cenografia: André Okuma
Prod. de Objetos: Fernanda Barcellos
Figurino: Aline Voguel
Cabelo e Maquiagem: Bruno Eduardo
Edição: Letícia Oliveira
Ass. de Produção: Luciana Perecin, Carlos da Paz e José Geraldo Neres


Produzido em 2004, o curta-metragem Lapso foi editado em 2008 por Letícia Oliveira numa versão diferente do roteiro original de Ana Maria Buim.

sexta-feira, agosto 07, 2009

OMI - Outro Mundo Impossível

Sinopse: Sonho ou pesadelo, natureza ou tijolo? O meio agindo numa mente pueril.

Vídeo experimental da Nova Boca do Lixo, um estudo para o longa metragem "Amoràs Moscas".

Equipe - Direção e Roteiro: Marius A. / Ass.de Produção: Fabíola Oliani e Neimar de Rosas / Edição: M. A.
Elenco Maria Gabriela, Tileti(gata) e Tibirito(coelho).

Cine Tangará

Vídeo realizado pela Nova Boca do Lixo em protesto ao estado de abandono do Cine Tangará (déc. de 50) que faz parte do Corredor Cultural de Santo André. Exibido em praça pública junto a outros vídeos de outros espaços abandonados, realizados pela Comissão de Audiovisual do Conselho Municipal e Cultura.
Equipe de produção: Marius A., Norma Barros e Sirlei Nascimento.

terça-feira, novembro 14, 2006

Persona



Cesar Marchetti(elenco) e Fátima Moura(direção) na Gravação do curta metragem "Persona" (roteiro: Luciana Perecin).

Fotos - Bipolar

Olhando a mãe...




...pensando na culpa...
... um xeque, foi-se a rainha...
... um jogo, um homem, um boneco...

...uma pedra, mais uma guerra, quem são as peças? (Qual será o próximo alvo da Amerikààà?)

Labirinto - Curta Metragem

Cenas no bar Passatempo às 03:00 da manhã - Labirinto/2004


Criançada surreal - Labirinto/2004



Histórias do baú


Decupagem às 02:00 da manhã no mesmo dia da gravação, o improviso no bar (Na foto: Luciana Perecin, Reginaldo e Marius)


quarta-feira, novembro 01, 2006

Anarquismo, Individualismo e Coletivismo

Anarquismo, Individualismo e Coletivismo:

O problema central das teorias anarquistas está muito mais na dificuldade em lidar com a contradição entre individualismo e coletivismo do que numa suposta incapacidade de aplicação de seus princípios à realidade objetiva. A resposta talvez esteja na tecnologia.
O que chamamos de anarquismo, sempre transitou numa certa zona nebulosa entre as idéias individualistas, das quais derivou o moderno capitalismo, e os princípios igualitários e coletivistas, presentes principalmente no cristianismo primitivo, das quais derivaram várias modalidades de socialismo. De fato, sabemos que Pierre-Joseph Proudhon foi bastante influenciado por ambas as idéias. Em uma cronologia de sua vida e obra, somos informados que ele em 1828 se dedica a numerosas leituras. “’Os meus verdadeiros mestres,’ declara em 1848 ao amigo J.-A. Langlois, ‘quero dizer aqueles fizeram nascer em mim idéias fecundas, são em número de três: a Bíblia em primeiro lugar, Adam Smith em seguida e finalmente Hegel’”. (1)

Não devemos nos surpreender que o patriarca supremo do capitalismo e do liberalismo econômico tenha servido de inspiração ao homem que Bakunin designava como “o mestre de todos nós”. Na realidade, para a ortodoxia vigente no seu tempo, Adam Smith era um subversivo. Sua idéia básica de que os homens deviam se guiar pelos seus próprios interesses, e de que os regulamentos e governos, só podiam atrapalhar o desenvolvimento da sociedade, desagradavam simultaneamente à igreja e aos incontáveis monarcas despóticos da época. Mas, notamos que esta é de fato, a mesma conclusão a que chega Proudhon, a diferença é que Smith nunca ousou militar politicamente, sua obra prima “A Riqueza das Nações”, apesar de criticar abertamente as medidas tomadas por certos monarcas, evita prudentemente criticar os próprios monarcas. Já Proudhon é um homem da revolução francesa. Para ele, a questão política pode ser discutida abertamente. A propriedade questionada, o direito e mesmo a necessidade dos governantes era matéria em aberto. Essas questões, Smith não podia abordar, por razões óbvias. Suas críticas no entanto, sempre que possível, são dirigidas a todo tipo de privilégio injustificado. Notamos mesmo que Smith critica sem rodeios as desigualdades econômicas de seu tempo: “As leis das corporações (de oficio), porém, restringem menos a livre circulação do capital de um local para outro do que a do trabalho; é sempre muito mais fácil a um rico comerciante obter privilégio de comerciar numa cidade corporativizada do que a um pobre artífice trabalhar nela”.(2) Por outro lado, não podemos deixar de notar que, ao contrário dos seguidores de Smith, como David Ricardo, Proudhon é claramente sensível à sorte dos pobres. Ao contrário de Ricardo, que condena explicitamente qualquer intervenção a favor dos “perdedores”, os seguidores de Proudhon, principalmente Bakunin, propõe idéias claramente coletivistas. Não resta dúvida de que as propostas “mutualistas” e cooperativistas de Proudhon, são uma tentativa de resolver o dilema causado pelas conseqüências do individualismo e as aspirações de fraternidade humana vindas das páginas dos evangelhos. Daí para á frente, enquanto o liberalismo de Adam Smith é gradativamente apropriado pela burguesia, agora cada vez mais triunfante, o socialismo utópico e de fundo cristão, é apropriado pela elite intelectual também cada vez mais liberta das amarras do passado. As duas correntes assumem pontos de vista claros. Os liberais defendem a liberdade individual, mesmo que isso sacrifique qualquer princípio de igualdade. Os socialistas “científicos”, defendem a igualdade a qualquer custo, mesmo que a conseqüência seja a virtual eliminação da liberdade. Ao romper com Marx, os anarquistas acabam ficando numa posição intermediária. Proudhon ao advertir Marx para que “não nos tornemos chefes de uma nova intolerância, não nos apresentemos como apóstolos de uma nova religião, mesmo que seja a religião da lógica, a religião da razão”,(3) assume uma indiscutível superioridade moral. A partir daí, os anarquistas se sentem livres para criticar tanto os rumos do liberalismo econômico e as flagrantes injustiças daí decorrentes, como para denunciar o brutal autoritarismo presente no “socialismo real”. E o fazem sempre que podem. Em resposta, são cobrados pelo fato de não apresentarem nenhuma proposta concreta, seja para a superação do capitalismo, seja para a implantação de um socialismo libertário. Os anarquistas lembram que tanto liberais como socialistas criticavam o governo mas agora: “Todos contam com o governo: os liberais, ostensivamente, para preservarem a liberdade, mas na verdade para impedirem a igualdade; os socialistas, ostensivamente, para preservarem a igualdade, mas na verdade para impedirem a liberdade”.(4) Mas o que de fato os anarquistas querem? Segundo Nicolas Walter: “O traço essencial da sociedade que os anarquistas querem, é que ela será o que os seus membros dela quererão fazer. Não obstante, é possível dizer o que a maioria deles gostaria de ver numa sociedade livre, lembrando nós que não há linha oficial, como de modo idêntico não há meio de reconciliar os extremos: o individualismo e o comunismo”. (5) Em muitos casos os anarquistas se definem de forma solene: “Somos liberais, mas mais que isso; somos socialistas e mais que isso”.(6) É uma frase e tanto, mas como traduzi-la na prática. É notório que o liberalismo e sua filha dileta, a globalização neoliberal, apenas vem aumentando as desigualdades, gerando desemprego e miséria. O destino do socialismo autoritário dispensa comentários sobre seu retumbante fracasso. Seria essa a oportunidade histórica do anarquismo? Talvez, mas não se pode deixar de lado o problema de “reconciliar os extremos”. Para isso é necessário o enfrentamento corajoso do desafio da tecnologia. O socialismo autoritário, ao não conseguir supera-lo, fez com que as populações a ele submetidas, e que eram mantidas na igualdade da pobreza e do racionamento, se lembrassem súbita e desordenadamente da liberdade. O sistema capitalista global, ao se valer da tecnologia apenas para maximizar os lucros do capital, promove o desemprego crônico em escala planetária, pela substituição maciça de trabalhadores por robôs e computadores. Cedo ou tarde a contradição desse sistema irá se fazer presente, pois se o bom e velho proletariado pode ser substituído como fator de produção, não o pode enquanto consumidor. Nesse caso, o desafio real é colocar a tecnologia a serviço de todos os membros da comunidade global. Se a tecnologia puder libertar o homem do trabalho ao invés de exclui-lo do processo de produção e priva-lo de renda, a antes insolúvel questão, representada pelo binômio “igualdade-liberdade”, poderá ser resolvido. Aqui podemos voltar a afirmação de Adam Smith: “o desejo de alimento é limitado, em cada homem, pela estreita capacidade do estomago humano, mas o desejo de conforto, de ornamentos da casa, de roupas, de aparelhagem e de mobiliário parece não ter limite ou fronteira certa”. (7) Ora, os partidários do coletivismo, consideram o Estado prescindível porque o ser humano precisa comer, ter roupas para se vestir e se agasalhar, ter abrigo para morar, etc. Nisso todos os seres humanos são iguais, donde concluem que os desejos de “conforto e ornamento”, são desnecessários e anti-sociais. Os partidários do individualismo argumentam que é justamente no desejo de “conforto e ornamento” que o ser humano manifesta sua liberdade e sua individualidade. Por isso o Estado deve existir para garantir aos que podem, desfrutar de seu patrimônio e realizar seus desejos sem ser perturbados. Mas, ao contrário da época em que as teorias políticas convencionais foram formuladas, tanto a satisfação do “estomago” quanto à de “conforto e ornamentos”, dependiam de trabalho árduo e monótono de uma parcela imensa da humanidade. Portanto, a igualdade só podia existir caso as necessidades não passassem muito do simples alimento, ou a liberdade de desfrutar de conforto ficasse restrita a muito poucos. Se a tecnologia puder garantir os meios necessários para satisfazer as necessidades básicas, e ainda algumas supérfluas, do ser humano, a igualdade será uma realidade. Por outro lado, o tempo livre e a criatividade, poderão ser usados com toda a liberdade para as demais ambições, que como já indicava Smith “não parece ter limite ou fronteira certa”. E é muito bom que não tenha mesmo.

Notas:
(1) PROUDHON, Pierre-Joseph – Do Princípio Federativo – Ed. Imaginário – Pág. 21
(2) “Os Pensadores” – Abril cultural – Vol. XXVIII – Pág. 116
(3) Carta a K. Marx, 17 de Maio de 1846
(4) WALTER, Nicolas - Sobre o Anarquismo
(5) Idem.
(6) Idem.
(7) “Os Pensadores” – Abril cultural – Vol. XXVIII – Pág. 340
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